quinta-feira, 24 de setembro de 2009

26/10-Palestra sobre o Projeto Escrevivendo: uma experiência democrática de 'saber ser' e 'saber fazer junto' em espaços públicos culturais

Olá! Dia 26 de setembro teremos, no lugar de mais um encontro da oficina, uma palestra voltada a educadores, bibliotecários e público em geral. O evento está inserido na programação Semana da Primavera nos Museus.

Participações especiais: Gabriela Rodella e Nedilson César

Aproveito o espaço para postar o depoimento da incrível escrevivente Fabiana Turci!


DE COMO VIVER JUNTO
Fabiana Turci


Há uma formulação em Borges de que o livro, se não for aberto, não passa de um bloco de couro, costurado em páginas insignificantes. Ele diz que, no entanto, acontece uma coisa mágica quando o abrimos: o livro se modifica a cada instante. Em cada leitura, resignificamos, não apenas as palavras, mas o mundo a nossa volta e o mundo dentro de nós. Ler é uma atividade permeada de desejos. Do desejo de escrita ao desejo do encontro, a leitura nos coloca em contato com o vivo do mundo e, diante deste convite, vem, inevitável: a falta de espaço, de diálogo, o mundo comprimido, fragmentado, administrado, com o qual as palavras se debatem e nos desafiam – a constituir um espaço respirável, a ocupar a porção que nos cabe e incutir, no fluxo da vida, o do nosso próprio sentir.

Este é um relato pessoal. De como passar da solidão do verso para o aprendizado do viver junto. Como qualquer relato, este carrega as minúcias e desvios próprios da caminhada subjetiva. Mas isso não o torna menos válido, nem mais concreto. Talvez a verdade da palavra do relato seja a de que ele poderia servir a qualquer um e a ninguém, ao mesmo tempo em que ocupa um lugar. E é desde este lugar – muito menos testemunho, testemunha do que presentificação e ocupação de um Espaço, já meu – que gostaria de dirigir esta fala.

Conheci alguns caminhos de e para as letras. Um, mais óbvio, dentro de minha própria casa – que se não cumpre o ideal das casas burguesas com suas vastas bibliotecas, tem sempre silêncio e papel. Quando se vive assim, fazendo amor com as palavras, natural é que se carregue, ao cruzar a porta, essa paixão. Assim é que, vezenquando, o Outro nos aparece e nos cruza, com seu amor e com suas palavras – o primeiro e sempre caro encontro. Fui procurar, também, fazer da paixão trabalho, o que se deu no meu ingresso nos cursos de Letras e Filosofia. Não seria exatamente justo dizer que, nesses três caminhos, não encontrei o que procurava. Cada espaço nos dá e nos exige o que lhe é próprio, mas as palavras ocupam tudo, sem distinções. Se a casa, como lugar da intimidade, permite a liberdade da escolha – de abrir e fechar os livros em função somente da quantidade de prazer, de estender o tempo em direção ao lápis e fazer da poesia relógio – a Academia, como instituição, nos obriga a aceitar as escolhas de outrens e de fazer dessas escolhas ferramenta, instrumento. A casa, por outro lado, nos impõe a solidão de paredes brancas, muitas vezes insuportáveis, onde falta exatamente o Outro, com os desafios, os universos, os olhos perguntantes... Seria justo dizer que cheguei até a Casa das Rosas não por uma ausência de fundamento, mas por outro tipo de falta, fundamental: de escuta e de conversa.

Digo, também com justiça, que resignifiquei as manhãs de sábado, a Avenida Paulista, tão austera, e minhas próprias palavras. Encontrei um espaço pautado no afeto e na escuta, onde as propostas – estimulantes, inovadoras, desafiadoras – geravam textos que transformavam não apenas o nosso pequeno espaço, mas eram catalisadores de mudanças profundas, íntimas, indizíveis. Se o Escrevivendo cumpre o necessário propósito de instrumentalizar e embasar a leitura e a escrita, tornando seus “alunos” mais críticos e mais responsáveis por sua atuação no mundo, acredito que cumpra algo que não se dá como uma finalidade expressa, mas que acaba por ser sua conseqüência necessária: o escrevivendo devolve, de muitas formas, a inteirez da gente.

Como relato, digo que encontrei, nesse espaço como em nenhum outro, ouvidos atentos e exigentes, muita generosidade e uma quantidade infinda de centelhas. Mas sou obrigada a relatar, também, aquilo que vi: um espaço que personifica meu ideal de democracia, espaço heterogêneo cujo potencial de transformação, em muitos sentidos, representa a essência mesma daquilo que gostaríamos de ter como educação. Algo que ultrapassa as fronteiras de conteúdos, de ideologias, e nos torna, profundamente, quem a gente é.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

19/09 - Quinto encontro

Hoje pude ler e comentar(ao mesmo tempo), observando coesão, coerência, clareza, e gramática, algumas produções como exemplo de olhar crítico a ser treinado para comentários sobre textos de colegas no decorrer da oficina.

Ainda que concordemos que a escrita responda a uma função social e que seja fruto de motivação(caso contrário ela passa a ser apenas demonstração de conhecimentos técnicos e gramaticais), ficou claro que, justamente quando estamos motivados, acabamos, muitas vezes, escrevendo da forma que pensamos ou falamos! Neste caso, devemos redobrar a atenção e os cuidados na releitura e na reescrita de nossos textos.

Assim, passamos às trocas de produções (em duplas) " Que leitor sou eu". Adoro este burburinho!

Segundo Lucília Garcez, em A Escrita e o Outro,

" Na atividade de releitura, os participantes do evento, em graus e perspectivas diferentes, exercem um esforço em busca da compreensão responsiva ativa de que fala Bakhtin*. Para isto, alternam suas perspectivas de leitura. O comentarista tenta colocar-se no lugar do produtor para compreender suas intenções e propósitos, e o produtor do texto procura relê-lo, colocando-se numa outra posição, a de interlocutor de seu próprio discurso...É nesse exercício que ambos aprofundam seu conhecimento sobre o funcionamento do texto e sobre os aspectos que devem levar em consideração no processo enunciativo ou interpretativo"

* consultar marcador 'bibliografia'

Proposta II- reunião de alguns textos "Que leitor sou eu"

Leitora que sou:


O meu começo foi meio difícil , dependo dos outros que não tinham tempo para contar as historias para mim .

Sempre tive adoração por bichos e viagens, meu pai , sertanista na época costumava inventar algumas lendas e então, quando estava em casa , me contava .

Mais que depressa, quis virar mocinha termo muito usado na época , sapatos com saltos, viajar pela mundo , ficar em hotéis , beijar namorado de baixo de chuva , ser linda e se possível de olhos azuis, acreditava que tudo sempre acabava bem nas fotos em branco e preto.

Assistia muitos filmes a tarde e depois lia livros desses filmes ,vivia muitas vidas incríveis .

Eu achava que um dia chegaria minha vez de verdade algo aconteceria e me tornaria uma pessoa parecida com algum personagem. Mas como esse tempo não chegava, mudei de tom .

Passei a adorar as mortes horríveis e historias de detetives , de vingança e sexo .

Agora não queria mais nenhum sapato de salto alto, queria era passear pelo espaço, outros planetas , acreditei em bruxas, fantasmas e vampiros e em pessoas más .

De repente tudo perdeu o pé. Viva a literatura fantástica, lisérgica, livre de todo tempo e forma. Essa viagem não durou muito para mim , livros e momentos confusos me traziam angustia, sentimento que já não me faltava .

Causas ….resolvo procurá-las .

Falando muito , ouvindo pouco ,volto para a infância , para meus sonhos e pesadelos .

Psicanalise , psicologia, tentei, mas cansei também de ter que haver razão para tudo.

Hoje não acredito nisso.

Sublimar na poesia, uma possível saída. Sou apresentada as minhas poetas prediletas nada virgens e suicidas e com elas o amor realmente impossível .

Mudo de assunto de novo na minha vida , tenho pressa, leio para trabalhar , tenho que ler sempre com causa , para mim, exercício de secura da imaginação .

E foi assim por um tempo , e ,paro de ler tudo , cansei , me sinto solitária, sem acreditar na possibilidade de criar.

Hoje , encontro em intervalos , espaço para mim , quero acreditar que posso ir para onde quiser, não é fácil, mas vou tentar .




“ Moro no ventre da noite ;

sou a jamais nascida .

E a cada instante aguardo a vida .”

Cecilia Meireles


Laura


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Homem-Aranha, n°7




Que Leitor sou eu? Ou As Aventuras de Dom Henrique no Reino da Leitura e os Costumes que ele Trouxe de Lá.

Vivendo e sentindo fortes emoções. Emoções que são, que vem e vão e me deixam melhor, inteiro, purificado.

Quando eu era criança, percebia que nas noites em que não brilhava a lua, minha mãe aproveitava para apagar toda a luz elétrica da casa, deixando acesas apenas algumas velas. Isso era bem divertido.

Meus irmãos e eu sentávamos no chão à sua volta, em círculo.
Assim começava a nossa “hora do conto”.

Curiosamente, minha mãe não lia, narrava.
Não falava simplesmente, ela soletrava as palavras numa interpretação ritualística que fazia tremer todo o corpo da gente.

Nessa hora singular eu reparava que não mais reparava o mundo ao meu redor.
Éramos apenas nós, nossas sombras refletidas na parede e a imaginação a todo galope, cavalgando de rédeas soltas.

Tempos depois, dentro de uma banca de jornal, eu conheci o Homem-Aranha e nossa amizade se estenderia por muitos e muitos anos.

Eu tinha sete anos quando isso aconteceu. E dos sete anos a gente nunca esquece.
E sete também era o número da primeira revista do Homem-Aranha que eu li.

Abri os olhos para o colorido Universo dos Quadrinhos, até que um dia ou noite, por obra e graça da divina Curiosidade, escorreguei de corpo inteiro dentro do mágico caldeirão de sopa de letrinhas, imagens, palavras e palavrões.

Com as novas perspectivas dos horizontes alargados, escancararam-se todas as portas e comportas dos quatro elementos e eis que surge um ledor.

A adolescência chegou com uma incontrolável vontade arqueológica de encontrar uma botija cheia de ouro que alguma baronesa porventura tivesse enterrado no árido solo dos Grandes Sertões Veredas, lá pelas bandas do Ceará. Será?

Então comecei a procurar a Arca Perdida, o Cálice Sagrado, as Minas do Rei Salomão. Mas ficaria satisfeito se achasse pelo menos a xícara de porcelana na qual Lampião bebia seu café amargo.

Cava, cava, cava, cava.

Nessa corrida febril pelo vil metal, minha recompensa maior foi um monte de calo nas mãos quando esburacava o quintal de casa. Tive sorte de não experimentar a força braçal de um tabefe do meu pai.

Mas foi “cavando” no chão da biblioteca que ganhei passagem para embarcar n’As Viagens de Gulliver e de quebra, ainda encontrei o mapa da Ilha do Tesouro.

Fiquei tão rico que pude dá A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, dentro de um balão.
Nesse mesmo dia eu vi um feliz Santos Dumont descer à porta de sua casa no famoso dirigível, A Balladeuse.

Abrindo a minha Bíblia Ilustrada, peregrinei até a Terra Santa onde Sansão venceu um exército de filisteus, mas foi incapaz de resistir aos encantos de Dalila.

Conheci Os Três Mosqueteiros e nossa missão era descobrir a identidade do Homem da Máscara de Ferro.

Outras aventuras e personagens fascinantes certamente esperavam por mim, logo ali, bastando apenas virar a página.

Quando eu virei a página para saber mais sobre A Terra, o Homem e a Guerra no cotidiano dos agricultores do Brasil, fiquei indignado com O Triste Fim de Policarpo Quaresma.
Em homenagem a esse Guarani de cara pálida rezei A Missa do Galo.

Desisti da Agronomia e continuei minha viagem pela História sem Fim.

Destemido, percorri 20 Mil Léguas Submarinas, cruzei o Canal da Mancha na Saga dos Plantagenetas, e no retorno, de passagem pelo antigo reino da Gália, parei para descansar e assistir, de camarote, o trágico fim d’Os Reis Malditos.

Naqueles dias, eu me apaixonei por uma moça, uma pobre camponesa de Domremy, um pequeno vilarejo que ficava ali mesmo no reino de França.

Mas a moça foi acusada de bruxaria e morreu queimada na fogueira da Inquisição.

Eu ainda não tinha 24 horas na vida de uma mulher e já estava pensando seriamente Sobre a brevidade da vida e A felicidade conjugal seguido de O Diabo.

E minha orelha ficou pegando fogo. Um aviso. Eu deveria fugir para As Catacumbas de Roma ou para o Egito, como fez a Sagrada Família.

Eu fugi do Fantasma da Ópera, corri o mundo como um cão sem dono, um Vagabundo sem Dama, um trovador sem versos.

Pelos portos e feiras das cidades, comecei a falar nas maravilhas do novo mundo e na Conquista do Paraíso através dos Sete Mares Nunca Dantes Navegados.
Ir além, além, mais além, mais.
Navegar é preciso!

Fui tido como sem juízo. E por diversas vezes tentaram me enviar para o Inferno de Dante.

E nesse Elogio da Loucura, freqüentei a Escola de Sagres e virei um observador de estrelas, seguindo carreira como um Mercador de Veneza nas caravanas de Marco Pólo.

Estive na trama de muitos romances históricos e me divertia bastante quando surgiram as novas Cruzadas, mas o contagiante fervor das teses luteranas e as quixotescas batalhas contra os moinhos de vento eram mais atraentes.

De repente, alguém acendeu a vela do Iluminismo e eu vi a opulência antropocêntrica dos Papas renascentistas, embarquei nas Grandes Navegações, vislumbrei o nascer do Império Brasileiro e o morrer da Dinastia Tudor. Nada.

Nada de depressão, mórbida tristeza ou apego a sentimentos doentios.
O que eu quero mesmo são as leituras cheias de nutrientes para o espírito.
Aquelas leituras que balançam e embaçam os olhos sempre que delas nos lembramos.

De uns tempos para cá, recito a seguinte Oração do Livramento:

Santo Livro da Vida,
Livrai-me dos livros que não livram a vida.
Livrai-me do perigo de não ser
Literalmente livre.

Essa é Uma Breve História do Tempo, onde todos os meus livros são importantes e merecedores de uma ou mais leituras, dependendo do meu estado de espírito.

Tenho lido mais que ontem, talvez os mesmos temas, mas não os mesmos livros.

Assinei um termo de compromisso com a liberdade de escolha e o prazer da leitura de forma espontânea como uma saudável alternativa para grandes descobertas.

Não me arrependo das leituras que ainda não li.

Levo a vida numa boa, tranqüila mente, pois sei que os livros certos virão no tempo certo, beijar a boca da menina dos meus olhos.

Paulo Henrique Alves Lima
XII – IX - MMIX
São Paulo - Brasil

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

12/09 - Quarto Encontro - Por Nedilson

O encontro do ESCREVIVENDO do último sábado, 12/09, foi muito interessante apesar de não ter seguido a atividade pré-estabelecida no encontro anterior, a atividade de troca dos textos e comentários dos participantes (“Que leitor sou eu?”).

Em vez disso, foi feita a leitura de uma crônica de Arthur Nestrovski (“Nove anos para um verso”) narrando a origem da música João Valentão e referenciando, de maneira ampla, a obra de Dorival Caymmi, mestre do cancioneiro nacional.

A partir do texto de Nestrovski foi possível conversar um pouco sobre vários assuntos pertinentes aos nossos encontros de sábado. Alguns desses assuntos permeiam nossas conversas desde o primeiro bate-papo, como o uso normativo e/ou opcional da vírgula ou algumas características tipológicas dos textos.

Outros assuntos, como a importância do tópico frasal na estrutura do texto e a função de elementos coesivos nessa estrutura textual, puderam ser objetivamente apontados no elogio do crítico ao mestre baiano, tornando mais fácil, ou menos difícil, a apreensão do que é dito teoricamente.

A troca dos textos que não ocorreu no último sábado ficou, então, adiada para o próximo. Assim, todos aqueles que não haviam feito ou trazido seu texto, por favor, não faltem.

Algumas cartas de escreviventes: proposta I

São Paulo, 29 de agosto de 2009


Aos que pedem que eu leia em voz alta,

Protesto. Ou nem tanto: advirto. Inicio esse texto pedindo-lhes critérios menos rigorosos de apreciação. Lembrem-se de que escrevi já sabendo que precisaria ler em voz alta. As palavras tiveram de ser outras, pois passaram pelo crivo de sua audição. Confirmo: há textos para serem lidos apenas em voz baixa.

Ao pedirem que eu leia em voz alta, exigem que eu drible minhas deficiências de dicção e interpretação. Enquanto minha caneta tenta se empolgar, a consciência de que eu não conseguiria ler longos trechos sem vírgula me serve de freio. Na contramão, o receio de usar vírgulas em demasia, de modo a truncar o texto, também me é preocupante.

Entendem por que a carta lhes é endereçada, ainda que eu não possa delimitar quantos vocês são? Ela poderia ser destinada a políticos, às companhias telefônicas, ao Papai Noel, ou a Deus, mas tudo me foi menor que a expectativa de sentir minhas frases amplificadas.

Vêem como é a vocês que eu deveria dirigir minhas primeiras reclamações? Sim, pois tenho de calcular o dizer, e quando as palavras são mal ditas, soam como meias palavras. Mal ditas me vale até para um exemplo. Quem ouve pode ter entendido malditas, tudo junto, e não mal ditas, separado, no sentido de “dizer de maneira incompetente”. É difícil.

Vocês, que nunca se imaginaram culpados, e que hão de reagir às minhas inoportunas ponderações, tratem de se resignar. Peço que sejam mais compreensivos, e que relevem a ineficácia de meu discurso. Se a escrita nasceu da fala, sou órfão de mãe.

Quando voltarem, tenazes que são, a sugerir que eu leia em voz alta, recordem dessa carta, mas subvertam o tom rabugento que ela tem, e preservem a certeza de que me fizeram muito bem.

Noubar Sarkissian Junior

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São Paulo, 29 de agosto de 2009.


Ilmo Sr. Diretor da Casa das Rosas
Saudações

Meu nome é Luiz Monteiro e , nos últimos meses, passei a frequentar os eventos, cursos e oficinas da Casa das Rosas.
Estou muito satisfeito com a programação das atividades, atendimento, dos funcionários, e a qualidade das aulas e oficinas e ministradas pelos professores. Recomendo e dou nota dez, principalmente por se tratar de um serviços públicos que , em geral , não funcionam de modo satisfatório. Aqui as coisas são diferentes: estamos em uma ilha de exceção , um oásis nesta nossa realidade caótica.
Entretanto, nem tudo são rosas. Há espinhos. Então, tomo a liberdade de apontar um ponto que poderia ser melhorado: as carteiras das salas de aulas localizadas no primeiro andar.
Dizem os especialistas em aprendizagem que o bom estudo começa com uma boa cadeira. Entretanto, as carteiras daqui são apropriadas para jovens magros, não para barrigudinhos como eu, que tem que ficar com o umbigo encostado no apoio onde se escreve, por duas ou três horas, o que não é nada confortável.
Uma solução prática e de baixo custo poderia ser serrar o braço das carteiras universitárias , transformando as carteiras em cadeiras simples. Isto poderia ser feiro com apenas três ou quatro carteiras de cada sala. Deste modo, os gordinhos poderiam optar: sentar em carteiras ou cadeiras.
Antecipadamente agradeço pelo exame da oportunidade da aplicação da sugestão.

Luiz Monteiro

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São Paulo, 29 de agosto de 2009.

Prezada Antonia,

A sua alegria traz mais vida a esta casa.

Não vou me estender numa verdadeira dissertação, sobre suas qualidades.

Mas sua voz ecoa em nossos ouvidos como uma suave melodia jamais cantada pelos pássaros.

Todas as noites as crianças desejam ouvir mais uma daquelas histórias que só você sabe contar.

Estamos aguardando a sua volta com grande expectativa, pois assim como os seres necessitam e almejam os raios solares, a sua presença é como uma luz em todos os cantos e recantos de nossas vidas.

Você é tudo de bom, e tudo de boa.

Sua amiga,
Carolina. ( Henrique Alves)

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São Paulo, 29 de agosto de 2009.

Senhores Francisco da Silva e Joaquim de Souza:

Quero alertar aos senhores para a deficiência técnica que o microondas “DEF”, de fabricação de vocês, tem apresentado sérios problemas.

Houve, recentemente, em minha loja, inclusive, seis casos de devolução, que achamos por bem aceitar.

Alguns clientes reclamaram da fragilidade e ineficiência do aparelho acima mencionado.

Eles me trouxeram os aparelhos defeituosos e estou repassando-os para os senhores.

Espero receber outros novos para que eu possa ressarcir os meus clientes.

Sugiro aos senhores que façam uma reavaliação na fabricação desse modelo de microondas em futuras produções.

Certo de estarmos contribuindo para o êxito de seu novo e promissor empreendimento e também para a continuidade de nossos negócios,

Atenciosamente,

Luiz Ricardo
Gerente Comercial das Lojas do Povão. (Henrique Alves)

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Reclamação




Cara Karen kipnis;

Venho através desta carta reclamar sobre o tema dado em sua aula .

Reclamação! Reclamação !

Não sei fazer . Só reclamando então.

Culpa sua ? Não, rápido te aviso , não é sua, é minha .

Depois de muito reclamar quase lamentar decidi e vou te confessar ; não sei reclamar!

Não sei reclamar em papel endereçado com espaço em branco e todas as linhas para que palavras escritas possam seguir seu rumo e alvo certo .

Mais fácil reclamar em palavras soltas, palavras que ficam guardadas no teto da minha sala como balões e murcham, morrem com o tempo .

Reclamo sim, só dentro de mim e quando isso acontece até sinto uma falta de ar, raiva das mais vermelhas !

Com os olhos fixos na minha queixa me concentro e pondero ;

Será que não estou errada em me achar certa ?

Então algo turvo e cinza me rodeia , assombra, chamo isso de medo.

Medo da fúria que posso sentir se for certeira , do ódio que posso causar ao meu destinatário na confusão das minhas idéias .

Desisto .

Covarde , confusa , nem um pouco Medusa .

Mas perceba, que interessante !!

Este tema veio a calhar e agora esse segredo posso contar .

Obrigada Karen .


Laura De Guglielmo .

sábado, 5 de setembro de 2009

05/09- TERCEIRO ENCONTRO

Caros escreviventes que não puderam estar no último encontro: escrevo um pouco sobre o que fizemos na oficina, informando que a emoção e o prazer de compartilharmos a leitura de alguns capítulos do livro de Daniel Pennac -Como um Romance- e leituras dos textos produzidos em casa 'Que leitor sou eu?" serão inanarráveis.

Entre a leitura de cada capítulo, trocamos experiêcias como leitores e investigamos,mais a fundo, a diferença entre o que nos permitimos ser e que leitores as escolas estão tentando formar e como.

O que lemos e como lemos? Esta continua sendo a tarefa para o próximo encontro.
Até lá!
ps: pretendemos criar blogues pessoais, para quem ainda não tem um, sábado que vem.

29/08 -SEGUNDO ENCONTRO

Este dia foi dedicado a leituras de cartas de reclamação e de elogios. Como não havia, como de costume, sugerido se se tratava de carta formal ou não, pudemos ouvir a leitura dos mais variados tipos de entendimento da proposta: reclamação para D's, carta escritas por motivaçãoe reais (escrever é um ato vinculado a práticas sociais), reclamação a mim dirigida por pedir algo tão difícil, elogio à Casa das Rosas e crítica construtiva, etc.

Neste exercício, além de já observar algumas características dos escreviventes e de sua escrita, discutimos como havia sido o processo da escrita destas cartas: um escreve tudo de uma vez e se afasta por longo tempo de seu texto; outro, escreve no ônibus, a caminho da oficina, no dia da entrega; e ainda um outro ,quando volta para casa , já vai pensando no caminho e despeja.

Por meio destes exemplos, comentamos os passos da escrita e como cada fase: planejamento, esboço, revisão e edição, obedece critérios de cada indivíduo.

Ao trocarem os textos e ouvirem comentários dos colegas, ficou clara a importância da avaliação de um outro leitor para perceberem se etavam sendo claros e se sua argumentação foi eficiente.

Após o intervalo, depois de falarmos mais um pouco sobre leitura por prazer e sobre o livro de Daniel Pennac ,Como um Romance,sugeri que escrevessem em casa o texto " Que leitor sou eu?"

Assim que os autores tiverem reescrito suas cartas e este último texto, este material será postado para apreciação de todos: aguardem!

obs: DIREITOS IMPRESCRITÍVEIS DO LEITOR segundo Daniel Pennac


1. O direito de não ler.
2. O direito de pular páginas.
3. O direito de não terminar um livro.
4. O direito de reler.
5. O direito de ler qualquer coisa.
6. O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível).
7. O direito de ler em qualquer lugar.
8. O direito de ler uma frase aqui e outra ali.
9. O direito de ler em voz alta.
10. O direito de calar.