sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

QUARTO ENCONTRO

Em 06/02 ocorreu o quarto encontro do Escrevivendo/Crônicas, mais uma vez dedicado à leitura das produções dos nossos ativos participantes. A dinâmica de leitura e comentários gerais parece ter caído no gosto do grupo e isso se refletiu na maneira amigável e bem humorada nas intervenções e nos comentários aos textos lidos.

É necessário destacar o alto nível das composições dos escreviventes desse módulo, o que facilita, em larga escala, a boa interação nesses momentos de discussão e troca de idéias. Nessas produções encontramos várias espécies de retratos sentimentais de São Paulo, desde a lembrança do passeio pelo centro da cidade com suas mazelas explícitas e explicitadas, quanto o relato lírico e descontraído da percepção de que a mudança contínua e cada vez mais contundente é parte integrante e indissociável da cidade em que vivemos.

Um assunto que acabou sendo recorrente no encontro do dia 06/02 foi o uso dos sinais de pontuação, tema indigesto e cansativo quando abordado de maneira abstrata e teórica, mas que, na nossa reunião, pôde ser tratado de maneira assistemática e apenas quando era conveniente de se falar deste ou daquele específico sinal de pontuação utilizado pelos participantes.

No próximo encontro, o do dia 20/02, será dado prosseguimento à leitura dos poucos textos que ainda faltam ser lidos e haverá atividades envolvendo uma música e uma crônica 'tematizando'a cidade. Até lá.

Nedilson César

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

(um parêntese: blogagem na terceira idade)

Internet gera onda de escritores idosos na Grã-Bretanha

A Internet está ajudando leitores de terceira idade na Grã-Bretanha a relembrar sua paixão por literatura e escrita, e uma maioria esmagadora de idosos no país veem a web como uma evolução positiva, segundo um estudo.

» Reino Unido lança PC simplificado para idosos
» Aos cem anos, idosos chegam ao Twitter
» Idosos utilizam cada vez mais a internet
» Siga o Terra no Twitter

Cerca de 31% dos britânicos acima dos 60 anos têm vontade de publicar contos na internet e de se associar a clubes do livro, de acordo com pesquisa da organização de caridade Booktrust feita no país.
Segundo o produtor digital do Harper Collins Authonomy, Mark Johnson, a rede social para publicação de obras que inclui leitores e escritores vem atraindo muitas pessoas acima dos 50 anos.

"Talvez seja porque idade e experiência deem uma grande vantagem a qualquer um que queira escrever bem ou talvez pessoas mais velhas tenham mais tempo, e sejam mais confiantes, para compartilhar suas paixões online", disse ele.
"Mas nossa experiência sugere que as gerações mais velhas não estão apenas aprendendo a usar a internet - estão aproveitando (a internet) como nunca antes".
De acordo com a pesquisa, que entrevistou 1.162 pessoas acima dos 60 anos, 55% encaram a internet como crucial nas suas vidas, e 93% a veem como uma evolução positiva.

O estudo foi feito pela Booktrust para ajudar a promover o Bookbite, um projeto para leitores e escritores acima dos 60 anos.
Reuters

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Algumas crônicas lidas na oficina

14.05.09

Perdizes

por Antonio Prata, Seção: Crônica do Metrópole 01:05:13.


Vez ou outra, indo devolver um filme na locadora ou almoçar no árabe da rua de baixo, dobro uma esquina e tomo um susto. Ué, cadê o quarteirão que estava aqui?! Onde na véspera havia casinhas geminadas, roseiras cuidadas por velhotas e janelas de adolescentes, cheias de adesivos, jaz apenas uma imensa cratera, cercada por tapumes.


Fecho os olhos, abro de novo, penso se não seria o flashback de um ácido tomado nos anos sessenta, lembro-me então que eu não existia nos anos sessenta e, portanto, aquilo é exatamente o que parece: uma imensa cratera, cercada por tapumes. As janelas, as roseiras, as casinhas, tudo foi levado, em caçambas de entulho – as velhotas e os adolescentes, espero, conseguiram escapar.


Em breve, brotará do buraco um prédio, com grandes garagens e minúsculas varandas, e será batizado de Arizona Hills, ou Maison Lacroix, ou Playa de Marbella, e isso me entristece, não só porque ficará mais feio meu caminho até a locadora, ou até o árabe na rua de baixo, mas porque é meu bairro que morre, devagarinho.


Os bairros, como os homens, também têm um espírito. É uma espécie de chorume transcendental que escorre pelo meio fio, soma de suas construções e seus personagens, sua história e sua paisagem. Perdizes é o bairro da PUC e de palmeirenses que gritam pela janela, a cada gol, ensandecidos, dos poetas concretos e de deliverys que vendem pizzas de mozzarela, cada vez mais barato, a cada ano que passa, é o bairro do Tuca e do Tom Zé -- que, dizem, é o jardineiro do prédio em que mora.


Da mesa do árabe em que almoço, vejo estudantes de moda do Santa Marcelina, de cabelo azul, esperando para atravessar a rua, ao lado de freirinhas, que cursam pós em teologia na PUC, vejo meninos e meninas de uniforme escolar mascando chicletes, ouvindo I-pod e provocando uns aos outros, daquele jeito que meninos e meninas se provocam, um segundo antes de nascerem peitos e barba. Vejo um cara que vende cocada, vindo diretamente do século XIX, batendo a sua matraca. No ponto da Cardoso tem o Adão, taxista que conhece não só todas as árvores frutíferas da cidade como ainda sabe em que época cada uma delas dá seus frutos.


Às vezes, no fim da tarde, quando ouço o sino da igreja da Wanderley badalar seis vezes, quase acredito que estou numa cidade do interior. Aí saio para devolver os vídeos, olho pro lado, percebo que o quarteirão desapareceu e lembro-me que estou em São Paulo , e que eu mesmo tenho minha cota de responsabilidade: moro no segundo andar de um prédio. É um prédio velho, tem o simpático nome de Maria Alice, mas e daí? Ali embaixo, onde agora fica a garagem, já foi cratera, e antes dela o jardim de uma velhota e a janela de um adolescente, cheia de adesivos.




23.12.08

Central park

por Antonio Prata, Seção: Geral 03:03:04.




Para nossa sorte, o Museu da Língua Portuguesa não aceitava cartão nem cheque e o caixa automático mais perto ficava do outro lado do Parque da Luz. Quando digo sorte, não ponho nem uma gota de ironia.


Pertenço à primeira geração privatizada do Brasil. Na infância, ainda aproveitei aquele antigo espaço público chamado rua. Cresci numa vila, gritando um-dois-três-Antonio-salvo embaixo de goiabeiras e chapéus de sol, desenterrando moedas do vão entre os paralelepípedos, com interesse arqueológico e acreditando que o mundo era um lugar assim, por onde a gente podia correr, gritar e cavucar sem maiores problemas.


Quando cheguei à adolescência, contudo, a violência - ou o medo da violência, que não deixa de ser, também, uma violência – já havia transformado a rua em mera passagem entre um lugar e outro. Adolesci em casas, escolas, shoppings, restaurantes, cinemas e outras instituições intra-muros, num pedaço da cidade que raramente excedia os limites da Zona Oeste. De modo que, aos 30 anos, vergonhosamente, não conhecia o Parque da Luz.


No portão, uma senhora vendia maçãs do amor, ao lado de dois repentistas cantando uma embolada. Um boliviano de calça camuflada, chapéu de cowboy e barrigão para fora da camisa passou por nós fumando um charuto e cantando um rap em castelhano. Lá dentro, crianças brincavam no tanque de areia e corriam entre enormes esculturas de metal. A dois metros do tanquinho, senhoras de programa exibiam um despudor cheio de pudores – um discreto exagero no batom e nos decotes insinuava que não estavam ali a passeio.


Tímidos, garotos e garotas exalando hormônios e desodorante faziam o footing na alameda central, como antigamente, com uma ingenuidade que combinava com o chafariz e os bancos de madeira, mas não com a cidade em torno das grades de ferro. Por toda parte, imigrantes falavam castelhano e pensei que já era hora de parar de comemorar a chegada dos japoneses e começar a entender a entrada dos bolivianos.


Tiramos dinheiro do outro lado do parque e refizemos o mesmo caminho, reparando nas esculturas, nos chapéus de cowboy, nos decotes e sotaques tão distintos que, reunidos pela curadoria do acaso, faziam daquele quadrilátero verde uma província cosmopolita, avesso de São Paulo e, ao mesmo tempo, a sua cara. Pagamos o museu com uma nota de cinqüenta. Uma pena que o moço tivesse troco.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Metrópole para poucos

Olá Pessoal!

Na penúltima edição da revista Carta Capital saiu uma matéria de capa muito interessante sobre São Paulo, que trata das mazelas, desigualdades e dinâmicas da metrópole (mencionando inclusive aquela informação de que a maioria dos paulistanos deseja sair da cidade), assuntos que foram discutidos nos últimos encontros da oficina. Assim, achei que seria uma boa idéia repassar os links da matéria,caso alguém se interesse:

Metrópole para poucos

http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=5880

Uma cidade em apuros

http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=6&i=5920

Abraços

Flávio Okuno

Amigos do Curso...

Bom dia!

Esse domingo (07/02/10) vai acontecer o Bloco Acadêmico do Baixo Augusta na R. Bela Cintra, 461.
Tem Simoninha como interpréte e Marisa Orth como Madrinha de Bateria, será um bloco com marchinhas de carnaval...
O melhor é que é na faixa e serão dadas algumas camisetas...quem sabe temos a sorte de ganhar...
O Bloco vai descer a Bela Cintra até o Centro e a concentração começa as 14:00 até 16:00...depois é só alegria...
Se alguém se animar me avisem...

Beijo


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Aryane Simon

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

30/01/2010 - Terceiro encontro da Oficina de Crônicas sobre a cidade de São Paulo

Nosso terceiro encontro da oficina de crônicas sobre a cidade de São Paulo foi inteiramente dedicado à leitura dos textos produzidos pelos escreviventes.

Cada um dos participantes trouxe uma primeira versão de sua crônica sobre São Paulo, escrita a partir de um lugar da cidade considerado marcante. Essa primeira versão foi lida em voz alta pelo próprio autor do texto e os colegas e mediadores teceram comentários sobre a produção.

Foi interessante perceber que as discussões, que, ao início do encontro, concentraram-se sobre os aspectos da cidade levantados pelas crônicas lidas, ao final dos trabalhos passaram a ter como foco a estrutura dos textos apresentados. Como uma das participantes chegou a comentar, acreditamos que foi o amadurecimento do grupo que tornou possível o encaminhamento da conversa para a análise estrutural dos textos.

A partir dessa leitura, foi possível perceber também o surgimento de algumas categorias de crônicas: há as crônicas nostálgicas, que falam de uma São Paulo que não mais existe, comparando-a à cidade atual; há aquelas que são como retratos instantâneos da cidade, que recortam espaços e suas trupes.

Sábado que vem contaremos com a leitura dos textos de mais alguns colegas, mais crônica e mais canção e veremos, então, se outras categorias surgirão... Até lá!

Gabriella Rodella

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Alguns blogues de novos e antigos escreviventes

Bruna Nehring: brnehring.Blogspot.com


Tânia Tiburzio: http://diariodett.blogspot.com/


sandra schamas: http://sschamas.blogspot.com


André Alves: http://mundoid.blogs.sapo.pt/


Bruna Buzzo: http://apenasdivagacoes.wordpress.com/


Daniela Morrison: www.danimorisson.blogspot.com

Tom Zé:“Augusta, Angélica e Consolação”

http://www.youtube.com/watch?v=x88hGpImdBU

23/01/2010 – Segundo encontro da oficina de leitura e escrita/crônicas sobre a cidade de São Paulo

No último sábado, antevéspera do aniversário da cidade de São Paulo, ocorreu o segundo encontro do Escrevivendo 2010. O ponto de partida dessa vez foi a audição da originalíssima “Augusta, Angélica e Consolação”, de Tom Zé e a leitura da crônica “Por que São Paulo?”, de Mário Prata. As duas obras provocaram intervenções inteligentes e criativas dos escreviventes, às vezes por aproximação, outras vezes por divergência do ponto de vista dos autores ou de algum detalhe abordado. Houve oportunidade de todos expressarem suas idéias, além de uma boa dinâmica nas ponderações.

Num outro momento do encontro, os participantes passaram à elaboração de um texto a partir da pequena lista individual de lugares marcantes da cidade de São Paulo. Como essa lista havia sido solicitada no sábado anterior, alguns escreviventes trouxeram o texto já mais ou menos encaminhado, o que deu margem para que fossem feitas algumas trocas de produções textuais.

Após a conclusão dos demais textos chegou a vez da leitura de cada um deles, atividade que não foi possível encerrar naquele mesmo dia devido ao tempo gasto nas discussões e comentários (isto é comum e bem aceito na oficina, uma vez que temos programa aberto em função da dinâmica do grupo), já que as leituras apresentadas suscitaram algumas intervenções que se prolongaram naturalmente. Assim, o nosso próximo encontro se iniciará com a continuação dessa atividade de leitura dos textos dos participantes. Contamos, uma vez mais, com a participação de todos. Até mais ver!
Nedilson César