sábado, 23 de maio de 2009

Sobre crianças, lágrimas e equívocos do repertório


A velhice dói mais no fim da tarde.
Então, ligo a TV.
Ás oito e meia, o Jornal Nacional me conta a história do assassinato da pequena Gabriela.
Fico imaginando que ela também estava esperando por mais um casamento na novela das oito.
E choro (acho que de saudades dos netos).

Quase no final da cerimônia indiana (foi linda, Gabriela),
Minha neta Beatriz liga e comunica de sopetão:
Você vai ser bisavô.
E eu, que me sentia tão só, percebi que a
Grande família ia (re) começar...
Perdão, tenho que chorar.

(Roberto Dupré – maio 2009)

domingo, 17 de maio de 2009

Segundo Encontro

(16/05) No segundo encontro, fizemos nova apresentação do grupo que cresceu mais ainda: cerca de 30 pessoas interesantíssimas e interessadíssimas na tal 'intertextualidade'.Advogados, jornalistas, vendedores, aposentados e o pessoal de Letras, claro, entre outros.

Retomando o primeiro encontro, ouvimos as leituras de diversas opiniões sobre se as Galáxias de Haroldo de Campos seriam prosa ou poesia. Se isto tem importância(perguntaria Roberto Dupré)? Nenhuma.

Exatamente pelo fato de o próprio poeta ( que buscou o ápice de uma prosa)ter mudado de idéia, anos depois, sobre em que 'forma' caberia sua obra, procurei, com esta prática, deixar bem claro que, em nossa oficina de escrita para o cotidiano, nomes e classificações são o que menos importam .Ao contrário, pretrendemos problematizar a linguagem, seus usos e opções pessoais.

Depois do intervalo, lemos Coema Piranga, poema de Casiano Ricardo ( Martin Cererê)e sugerimos ,para casa, a leitura de transcriação de texto em hebraico, feita também por Haroldo de Campos: Bereshit.

Ainda em sala, fizemos o breve exercício de escreverem um texto curto, com alguma intertextualidade intencional, para que o grupo tentasse descobrir qual seria.Algumas foram mais evidentes, como 'palmeiras e sabiás', outras menos, como referência a filme de Peter Greenway que assistimos em outro módulo Livro de Cabeceira.

No próximo encontro, iniciaremos a ler os trabalhos sobre intertextulidades descobertas pelos participantes. Depois, este mesmo texto será usado para a famosa troca 'a la Calkins".

Primeiro Encontro


(09/05)Num princípio, no módulo maio/junho sobre intertextualidade, ouvimos a leitura que o autor Haroldo de Campos faz do primeiro formante de sua obra Galáxias ( www.poesiaconcreta.com).

Partindo do oral para o texto escrito, comentamos sobre os vários tipos de intextualidades que estavam explícitas no texto, e as nem tanto.No exercício de tentar aproximar o texto de Haroldo com a ' biblioteca' interior de cada participante, ficou mais claro que a 'intertextualidade do leitor' ( receptor) é tão importante quanto a do autor, em sua obra, seja ela intencional ou não.

Comentamos ,ainda, a aproximação dos atos de leitura e escrita: ao ler, já estaríamos criando nosso próprio discurso, e, ao escrever, estaríamos 'transcriando'nossas leituras.

Prosa ou poesia? Esta questão sobre o gênero do texto ouvido e lido ficou para ser pensada durante a semana. O encontro seguinte, iniciaríamos com a leitura sobre as diversas opiniões dos 'escreviventes'.

PS: para ouvir (a leitura do próprio poeta Haroldo de Campos d)o primeiro formante de Galáxias, ir para www.poesiaconcreta.com . Clicar em 'som' e uma vez em som, clicar em 'discos'. Lá haverá um disco contendo alguns formantes desta obra,16 se não me engano.

domingo, 10 de maio de 2009

Originalidade?

“O texto literário é um palimpsesto. O autor antigo escreveu uma ‘primeira’ vez, depois sua escritura foi apagada por algum copista que recobriu a página com um novo texto, e assim por diante. Textos primeiros inexistem tanto quanto as puras cópias; o apagar não é nunca tão acabado que não deixe vestígios, a invenção, nunca tão nova que não se apóie sobre o já-escrito". (SCHNEIDER, 1990, p.71)
BIBLIOGRAFIA

BAKHTIN, M.(1929)Marxismo e filosofia da linguagem. São paulo: Hucitec,1981.

BAKHTIN, M. (1979)Estética da criação verbal.São Paulo: Martins Fontes,1992.

CAMPOS, Augusto de.Viva Vaia. São Paulo: Duas Cidades,1979.

CAMPOS, Haroldo de .Galáxias.São Paulo: Ed. 34,1983.

CAMARGO, Thaís Nicoleti de. Uso da vírgula. São Paulo: Manole, 2005.

GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação - o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

MACIEL,Maria Esther. A memória das coisas. Ensaios de literatura, cinema e artesplásticas.Rio de Janeiro: Lamparina,2004.

MARTINS, Eduardo. Com todas as letras - o português simplificado. São Paulo: Moderna, 2000.

PLAZA,Julio.Tradução Intersemiótica. São Paulo: Perspectiva, 1987.

RICARDO, Cassiano.Martim Cererê.Rio de Janeiro:José Olympio,1978.

SANTAELLA, Lúcia.Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual, verbal.São Paulo:Iluminuras, 2001.

SCHNEIDER, Michel.Ladrões de palavras. Ensaio sobre o plágio, a psicanálise e o pensamento.Trd. Luiz Fernando N. franco.Campinas:Ed UNICAMP, 1990.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

WORKSHOP PROJETO ESCREVIVENDO

Workshop para educadores na Casa das Rosas faz sucesso, gerando até lista de espera

Projeto Escrevivendo é ampliado e passa a ter programa especial para professores; inscrições para primeira edição rapidamente se esgotaram e nova data será programada

O Projeto Escrevivendo, que faz sucesso com oficinas de leitura e escrita para o cotidiano, com interface para blogagem, entre outras iniciativas, ganhou uma programação especial para educadores, o Workshop Projeto Escrevivendo 2009. O novo formato leva o modelo do Escrevivendo para educadores de museus, bibliotecas, Centro de Integração da Cidadania (CIC), centros culturais e professores da rede de ensino. “Há uma grande demanda por uma formação continuada e desenvolvimento do processo pessoal de escrita. As fases escolar e universitária, ou a atividade exercida no trabalho, não suprem -ou até inibem- a nossa necessidade de expressão e criação, daí a importância das oficinas,” declara Karen Kipnis, coordenadora do Projeto Escrevivendo.

Na primeira edição do Workshop para educadores, todas as vagas foram preenchidas e já há lista de espera para a próxima, no segundo semestre. Informações pelos telefones (11)3288-9447 e (11) 3285-6986. A realização é da Secretaria de Estado da Cultura em conjunto com a Poiesis – Organização Social de Cultura, que administra a Casa das Rosas.

Sobre o Projeto Escrevivendo

O Projeto Escrevivendo é um desdobramento do minicurso Textando2005, então coordenado pela professora Neide Luzia Rezende (FE/USP) e desenvolve-se, desde 2006, na Casa das Rosas. Com a proposta de incentivar jovens e adultos a produzir textos e a refletir sobre sua maneira de escrever, a oficina pretende desmistificar o ato da escrita, transformando-o num processo centrado na reflexão sobre o assunto, a forma textual adotada, o papel do leitor e o encadeamento das idéias. Assim, seu objetivo é, além de desmitificar o ato de escrever, transformar os autores em leitores críticos de seus próprios textos.


“As oficinas buscam motivar e criar contextos para práticas de escritas. Partimos da leitura de textos literários para problematização sobre gêneros e tipos do discurso e discussão de temas. Depois, todas as produções dos 'escreviventes' são lidas e comentadas pelo grupo; e reescritas. É Importante ressaltar que enfatizamos mais o sujeito e seu processo que o produto. ”afirma a professora.


Parte deste projeto envolve também a coordenação de estagiários de licenciatura oriundos da FE/USP- alunos do curso de Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa, da professora Neide Luzia de Rezende. “Neste estágio, podem suprir uma grande demanda do público por atividades desta natureza em espaços culturais. Além disto, esta é uma oportunidade real que estes alunos têm de planejar, ministrar e avaliar suas aulas,” explica Kipnis.


Quem pode participar

Pré-vestibulandos, estudantes universitários, profissionais formados, aposentados, 'seminovos'-como diz vovó Neuza ('vovó blogueira'- escrevivente que caiu na mídia) e interessados no tema podem participar das oficinas que acontecem na Casa das Rosas e que já foram oferecidas também no Museu da Língua Portuguesa e na Biblioteca Temática de Poesia Alceu Amoroso Lima. O objetivo é alcançar um público heterogêneo.



Serviço da Casa das Rosas– Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura

Endereço: Av. Paulista, 37, Bela Vista - próximo à Estação Brigadeiro do Metrô

São Paulo – SP


Horário de funcionamento:

De terça a sexta, das 10h às 22h

De sábado e domingo, das 10h às18h


Tels.: (11) 3285-6986 ou (11) 3288-9447

www.poiesis.org.br/casadasrosas

Estacionamento conveniado: Al. Santos, 74